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O regresso à Secundária é também o regresso da proximidade que faltava

À entrada para a Escola Secundária Francisco de Holanda, o porteiro encara os alunos que vão entrando para lhes desinfetar as mãos. Esta imagem destoa do que foram os últimos três meses, nos quais nem sequer houve alunos a cruzar aquele sítio. Simboliza, no fundo, o regresso das aulas presenciais depois de um confinamento que perdurava desde 15 de Janeiro.

Ao mesmo tempo que alguns estudantes entravam e saíam daquele recinto, outros faziam uma breve pausa no seu exterior, junto ao muro, conversando de máscara colocada sobre o resto. Inserida num grupo de quatro jovens, Ana Machado mostrava-se grata pelo regresso à Xico, após semanas à distância dos colegas de turma. “Podemos vir cá fora, estamos com os nossos colegas. Convivemos mais, estamos mais próximos. Quando estávamos online, não podia estar com as pessoas mais próximas”, disse.

Aluna do 10.º ano do curso tecnológico de Comércio, Ana vive em Lordelo, a vila mais afastada da cidade, a 14 quilómetros, e o regresso obriga-a a levantar-se cedo para cumprir horários quando entra à primeira hora da manhã. Para a estudante, isso acabou por não ser problema, porque, mesmo tendo de se deslocar numa camioneta, está habituada a acordar às 06:00, “mesmo sem aulas”. Curiosamente, esse ritual foi mais difícil de cumprir quando tinha as aulas à distância. “Quando estava no online e ficava em casa, estava de pijama ou de calções e desleixava-me mais”, confessa.

Esse relaxamento era uma das dificuldades do ensino remoto, a par dos “horários muito preenchidos”, com aulas, por vezes, “muito puxadas e uma ligação de Internet que “não era lá muito boa” e acabava por “não ajudar”.

Ao lado, Gabriela Salgado também reconhece que as aulas online incitavam ao relaxamento e confessou ter-se atrasado a algumas lições. A estudante do 12.º ano do curso técnico de Automação disse que tinha vontade de regressar ao ensino presencial, mas não tão cedo, porque se acostumou a “dormir mais” de manhã. Por outro lado, manteve um contacto regular com os colegas de turma. “Estava tudo fechado e só agora é que começou a abrir tudo, mas, de resto, íamos estando juntos, nem que fosse ao longe”, assinalou.

Ao lado, o colega de turma Gonçalo Costa transmitiu uma opinião ligeiramente diferente, tendo manifestado uma clara preferência pelo regresso à Francisco de Holanda. “Por mim, as aulas deveriam ter começado um bocado mais cedo”, defendeu. “Prefiro ter aulas presenciais. Pelo menos, posso estar com os amigos. Foi bom rever os colegas de turma”.

O estudante do curso de Automação rejeitou ainda as culpas por vezes atribuídas aos mais jovens na disseminação do novo coronavírus, tendo realçado que as pessoas são “sempre obrigadas” a estar de máscara no recinto escolar e que algumas influências para comportamentos de saúde pública errados chegam por influência de outros locais. “É pena o pessoal não se saber controlar. Este fim de semana foi uma desgraça no centro da cidade. Houve grupos e grupos na Oliveira e em Santiago. Na Santiago, nem se conseguia estar de pé. Isso influencia um bocado os jovens”, alertou.

 

“Não há nada que substitua o ensino presencial”

Noutra das escolas secundárias de Guimarães, a Martins Sarmento, o regresso às salas de aula decorreu “dentro da maior normalidade”, adiantou ao Jornal de Guimarães a diretora Ana Maria Silva. “Houve interrupção em termos os alunos na escola, mas todo o trabalho de ensino e aprendizagem continuou a acontecer e, por isso, foi um retomar natural passar do não presencial para o presencial”, descreveu.

As práticas instituídas em maio de 2020, após o primeiro confinamento, e em setembro de 2020, aquando do início do presente ano letivo, tiveram “continuidade”, pelo que até pareceu que os estudantes nunca saíram da escola, acrescentou.

Ana Maria Silva prometeu ainda fazer tudo para que “não haja nenhum retrocesso” no desconfinamento, até porque, a seu ver, “não há nada que substitua o ensino presencial”. “Não há nada como estar com os alunos, tirar dúvidas e fazer o diálogo permanente que, à distância, é mais difícil. Por isso, sem dúvida que este momento era esperado ansiosamente”, reconheceu.

Assim, o desafio que se segue é o de “manter a escola em segurança”, incutindo aos alunos uma “lógica de responsabilidade e de autodisciplina”, que os faça “circunscreverem-se” aos blocos onde têm aulas, apesar da infra-estrutura escolar ser um “contínuo”. “Na nossa escola, não há uma separação física entre blocos, mas definimos regras de circulação para evitar que eles se cruzem, de forma a sabermos que quem está no bloco B não se cruza com os alunos do bloco C”, explicou.

 

* com Hugo Marcelo

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